"O ano de 2008 vai ser bom para as mulheres portuguesas? Sim, pelo menos no que respeita aos gostos dos homens. Escrevo isto porque, depois de uma ronda em tom de pesquisa por entre vários elementos do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 84 anos, cheguei a uma conclusão que talvez seja óbvia para os homens, embora nada evidente para as mulheres: ter curvas é bom e as lombas não assustam.
Quando um homem olha para o corpo de uma mulher não vê o mesmo do que ela. Ele capta o conjunto, ela foca-se no pormenor. Ele fixa o que gosta, ela retém o que não lhe agrada. Ele associa a imagem a prazer, ela associa-a a princípios estéticos. O que quer dizer que quando uma mulher engorda um bocadinho, para ela isso pode representar um grande drama, enquanto ele nem sequer repara. Ou seja, para ela mais três quilos são um desastre e para ele apenas mais carne para agarrar.
O corpo perfeito é aquele que nós amamos. E uma pessoa aprende a amar outro corpo com o tempo. Primeiro habitua-se, depois vicia-se e depois já não quer mais nada.
Eis algumas verdades aparentemente inabaláveis para o universo masculino que recolhi na minha pesquisa caseira: a magreza é um mito e a magreza excessiva é um defeito; uma mulher sem ancas não é atraente porque não apela à procriação; o que faz um bom rabo é a forma e não o tamanho; o mesmo acontece com o peito. Isto quer dizer que o rabo pode ser grande e o peito pequeno, desde que um ou outro sejam bonitos. Também fiquei a saber que há barrigas que são sexy, que o que é mesmo mau é ter braços flácidos e que é muito raro uma mulher ter pés feios, embora a maior parte delas passe a vida a lamentar-se que padece de tal defeito.
Houve outros aspectos referidos como grandes qualidades e que muitas mulheres nem sequer pensam que podem ser importantes para os homens. O tom de voz, por exemplo, se for agudo, eles embirram. Eles reparam na forma de andar e não resistem a um bom sorriso. Os inquiridos foram unânimes quanto ao poder deste último, afirmando que todos, sem excepção, já se apaixonaram por um sorriso feminino. Uns falaram da importância de uma cintura marcada ou de umas pernas bem delineadas e não demasiado magras, outros da beleza dos cabelos compridos ou da elegância das mãos. Nenhum dos homens sabia quanto pesava a mulher ou namorada. Apenas os mais velhos sabiam quanto pesavam as noivas no dia do casamento porque as levaram ao colo.
Afinal, ter mais ou menos centímetros na cintura ou nas ancas não é um problema para eles. Alguns foram peremptórios em afirmar que uma mulher, por mais bem feita que seja, se não tiver outras qualidades, rapidamente se torna dispensável e que a beleza excessiva às vezes enjoa. Ouvi várias vezes a frase, «ela não era a mais bonita, mas…».
Há quem diga que quem o feio ama, bonito lhe parece. Vinicius de Moraes, perito em subverter ditados, dizia que quem feio ama, bonito lhe carece. O mesmo poeta, que gostaria de ter dormido com todas as mulheres do mundo se tivesse tido tempo, também dizia o amor é eterno enquanto duro.
Talvez haja aqui alguma sabedoria, com mais ou menos curvas e mais ou menos lombas."
Margarida Rebelo Pinto

Após a leitura desta crónica no livro da referida autora que estou a ler, intitulado "Onde reside o amor" achei interessante o que li e decidi postar. A beleza física têm-se tornado cada vez mais importante para toda a sociedade. E, até eu, que sempre fui uma desleixada, me começo a preocupar com isso e a ver defeito em todo o lado. Por isso, caros senhores e caras senhoras que, por um devaneio ou por falta de melhor para fazer, passem por aqui e leiam estas palavras, respondam-me, concordam com o que está dito nesta crónica?

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