Brilha, brilha, brilha !


Era uma chama, uma pequeníssima chama de uma igualmente pequena vela. Mas, mesmo sendo pequena, mesmo iluminando apenas um mínimo pedaço de mundo, a chama continuava a brilhar. Uma pequena luz, uma força enorme.
Os ventos tentavam apagar aquela luz, os simples mortais tentavam matar aquela luz que não tinha intensidade suficiente para aquecer todo o corpo mas que, no mínimo descuido, lhes poderia fazer estalar o gelo com que, em tempos desconhecidos, revestiram os seus corações. A chama sofria, contorcia-se, deixava de apontar para o alto, amargava com tamanha maldade, desvanecia, quase se extinguia de cansaço, quase desistia de brilhar tal era a dor que lhe impingiam. Mas renascia, sempre renascia.
Voltava a brilhar,a iluminar uma pequena parte do mundo e a aquecer a alma de quem olhava e reparava no potencial enorme que aquela luz tinha. Aquela que era uma insignificante mas persistente chama.
E assim ela sobreviveu a todas as tempestades e a todas as tentativas frustradas que os mortais de coração frio faziam para a derrotar.
Um dia, a luz irá apagar-se, deixar de brilhar, iluminar e aquecer a minúscula parte de mundo que lhe pertence. Quando esse dia chegar ela apagar-se-à por falta de cera, o essencial para a manter viva. Contudo extinguir-se-à feliz, sabendo que resistiu a tudo e todos que furiosamente lutavam contra ela, sabendo que, por poucos que tivessem sido, aqueceu corações. Os corações quentes, vivos e ricos em bondade, compaixão, amizade, amor. Os corações que sabem dar e não deixam que o frio lhes gele a alma. Nesse dia, descansará em paz, para sempre.

3 comentários: