#30 LETTER TO YOUR REFLECTION IN THE MIRROR


Vejo o meu reflexo no espelho vezes sem conta por dia. Talvez já o tenha visto tantas vezes que tenha gasto todos os espelhos pelos quais passei. Nuns dias gosto, noutros nem por isso. Nuns dias aprecio a minha cara de felicidade e o sorriso que possuo estampado no rosto, noutros enlouqueço em frente ao espelho enquanto as lágrimas rolam descontroladamente pela minha face. Nuns dias sinto-me apenas mais uma rapariga normal num mundo controverso e quase nunca fácil, noutros sinto-me louca, diferente e incompreendida.
Por muito que olhe para a minha imagem não me consigo definir. Muitas vezes permaneci impávida e serena em frente a alguém exactamente igual a mim tentando dar-lhe uma definição, um significado, uma descrição verdadeira e plausível. Sempre em vão.
Talvez um dia, o tempo me ensine a definir-me na perfeição. Mas agora porque haverei eu de fazê-lo se a minha personalidade ainda está em construção? Já é forte e complicada, já é carinhosa e agressiva, até já é frágil e inquebrável. Mesmo assim, em construção própria.
Sou apenas como sou, e sim, isto é uma treta que toda a gente diz, o que não a torna inválida. Sou uma colectânea de cada pessoa que me marca, marcou ou marcará, de cada momento já vivido ou que ainda me está reservado, de cada experiência que me fez crescer, mudar, acertar e inclusive errar. Sou cada sorriso e cada lágrima. Sou uma parte incompleta e um todo imperfeitoNão sou um exterior sem personalidade, sou um interior com um exterior, que não pode agradar a todos.

«Nasci original, não hei de morrer cópia !»

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