Pensamos sempre que o que importa é dar e não receber. É um pensamento digno de qualquer pessoa. Contudo, nem sempre isso é possivel. Há sempre uma parte de nós que reclama por uma certa igualdade, por dar e receber em igual medida, por saber que vamos dar mas também iremos receber algo de volta, por muito insignificante que seja. Queremos sempre acreditar que uma amizade, um amor, uma relação que de alguma maneira prezamos vai durar para sempre e, até pode ser que isso aconteça, mas sofre transformações. Os laços afrouxam-se se não forem bem tratados.
No fundo, qualquer relação é como um animal de estimação, não vive por si só. Precisa de carinho, de atenção, de tempo, de dedicação, de confiança, de cumplicidade, de cuidado, muito cuidado. Se queremos receber também temos que dar, certo? Mas e se nos sentimos frustrados por não recebermos? Estaremos a ser egoístas e mesquinhos ou apenas humanos com sentimentos e fragilidades? Isso, fragilidades. Talvez se tratem de fragilidades. Fragilidades essas que nos levam a questionar tudo o que temos, tudo o que nos dão, tudo o que não nos dão apesar de nos acharmos merecedores de tal. Fragilidades que nos fazem tentar perfurar todo um relacionamento até ao seu cerne. Fragilidades essas que por vezes surgem, silenciosos, como fantasmas da noite, como uma nuvem escura e nos fazem parecer seres minúsculos, inseguros e confusos. Fragilidades essas que nos encostam a um canto, que nos fazem cair por terra e que tornam um dia que tinha tudo para ser bom num dia preenchido por escuridão. E solidão.

Tudo isto só para dizer que tenho saudades de ter uma melhor amiga.
Tenho saudades das grandes amizades que tinha e por algum motivo se desfortaleceram ou não resistiram
às controvérsias que foram surgindo com o tempo.
Fragilidade, sim, a minha fragilidade.

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