Red Light


Odeio esta incerteza de não saber que rumo tomar, o caminho certo a seguir. Odeio esta sensação de ausência de vazio, como se eu não habitasse em mim mesma, como se eu me movimentasse em câmara lenta e tudo o resto continuasse a correr apressado rumo ao futuro. Eu desejava sair destes movimentos quase parados e correr, correr em direção ao futuro. Mas e que futuro? Como posso seguir se nem sei qual o caminho para o qual me devo dirigir?
Neste momento sinto-me numa encruzilhada. Esquerda? Direita? Talvez direita. Calma, será que é a esquerda afinal? Pronto, perdi-me. é absolutamente certo que me perdi neste sinuoso e trágico caminho da vida.
Por vezes queremos tanto o futuro, corremos tanto apressados e quando paramos num sinal vermelho, olhamos para trás e vemos que temos uma fila de problemas atrás de nós. Muitos carros acumulados. Um pequeno acidente aqui, um pequeno acidente ali. Passamos por eles, mas estavamos tão apressados a pensar só no futuro, estavamos tão desejosos de o encontrar, de o tomarmos como garantidamente nosso que nem paramos para ver o que se tinha passado, para ajudar, para melhorar a situação. Seguimos. Até enfrentarmos um maldito sinal vermelho que nos dá tempo a mais para olhar para trás, para refletir, para sentir um turbilhão de emoções que nem somos capazes de definir e separar.
E quando o sinal verde volta a aparecer já somos nós que temos receio e sentimos na pele a dúvida do caminho a tomar, com medo de que tudo se volte a repetir, um dia.

Perdi a batalha. Perdi a guerra.



Se calhar é agora tempo de embalar as coisas, fazer as malas e zarpar.
Talvez tenhamos chegado a um ponto de rotura que não possui qualquer fármaco milagroso que cure ou reverta a situação.
Com o tempo aprendemos que amor é bom, amor é preciso, amor é importante, mas amor não é tudo. Infelizmente, amor não é tudo. Uma relação vive de mais, de muito mais do que amor. Talvez tenhamos perdido tudo o resto. O amor ficou. Esse ainda vai perdurar por muito tempo tenho a certeza, porque por vezes ele também pode ser cruel. Ficar, quando devia simplesmente desaparecer, sumir-se no ar, num simples e leve piscar de olhos. Levar com ele a dor de um sonho destruído num momento infeliz. Numa acumulação de momentos infelizes.
Dizem que o bom sempre supera o mau e, quem sabe, talvez supera-se. Mas só por isso temos que fechar os olhos e acreditar como se de uma realidade certa se tratasse de que as coisas más fazem parte, de que tudo o que interessa é o bom? Duvido que assim seja. Aliás, tenho a certeza que esse não é um pensamento viável. A experiência ensinou-me isso. Foi duro? Muito. Continua a ser, por sinal. Contudo, os laços invisiveis vão se desgastando aos poucos, destruindo aos poucos. As coisas más têm o mesmo efeito numa relação que o ar do mar tem nas casas que por ambição humana ali foram construídas tão perto. É tudo corrosivo, altamente corrosivo. E quando damos por ela, quando acordamos dessa realidade que afinal não era assim tão real percebemos que temos feridas demais, mágoas demais, hematomas demais, sangue demais.
O amor é como uma guerra. Ninguém a ganha sozinho. Eu estou cansada de me sentir a lutar sozinha. As balas não me atingiram durante muito tempo. Ou fingi que não. Agora atingem, agora doem e, por isso, é completamente desapropriado e até rididulo da minha parte continuar à frente delas, certo?! Dar o corpo às balas é muito bonito, mas um dia mata-nos. Essa parte de mim morreu. Eu quis que ela morresse e ela morreu. É desumano que eu esteja sozinha a dar o corpo ao manifesto. É desumano que eu tenha tantas chagas que já nem as saiba contar. É desumano que não me dêm uma medalha de prata por isso.
Cansei de me sentir sozinha nesta guerra. Cansei desta batalha desigual. Cansei.
Como diria o grandioso Fernando Pessoa, tudo o que tenho em mim é essencialmente cansaço. Um imenso cansaço que corroeu os laços que nos uniam.
Quem ama, cuida. Eu não me sinto cuidada. Quem ama, valoriza. Eu não me sinto valorizada.
Talvez seja melhor assim. Talvez. Quem poderá saber?
Se esta é uma batalha desigual, nunca poderei vencer. Nunca poderei sair daqui como o herói. Irei sempre sair derrotada, de cabeça baixa. Pela dignidade que me resta talvez deva abandonar, de cabeça erguida. Convicta de que tentei, de que fiz tudo, de que aguentei com todos os golpes que conseguia. Perdi pedaços de mim nas batalhas. Tirei alguns pedaços ao adversário também. Mas perderia a guerra de qualquer das maneiras. Desistir, nem sempre é uma vergonha. Por vezes é só uma forma de sair de cabeça erguida, com uma minima dignidade. Desisti. Vou arrumar as armas, levantar a bandeira branca e abandonar esta terra que foi minha. Tão minha. Está pronta a ser conquistada. Tentem. Talvez tenham melhor sorte que eu. Conquistem! Já que desistiram de me conquistar.

Sneaking kisses in the hall
Parting love notes are on the wall
Been each other's all and all each day
Lovers walking in the rain
So close we felt each other's pain
But now you say that love has died away

'Cause we've ended now as lovers
Doesn't mean that we each other can't be friends
'Cause we've ended now as lovers
Does our love for one another have to end

I remember teaching you
On piano 'Tea for Two'
And how playing it wrong I kissed your hand
But when our love has gone and passed
Why does the good exceed the bad
Well that's one thing I'll never understand

'Cause I remember us at class
You were always the one to pass
And gave me answers right to see me through
But that was more than years ago
And who will love me I don't know
It's sad for sure but true it won't be you

Jeff Beck - Cause we've ended as lovers

Maybe Back

Eu sei que tenho estado muito ausente deste blog, não é que isso realmente interesse a muita gente, mas enfim, achei que era uma boa forma de começar este post.
Neste momento as coisas estão diferentes. Não sei se por agora ou para sempre, mas as coisas mudaram. Things happens. Por isso, senti necessidade de voltar aqui, de voltar a ler escrito, de votar a refugiar-me aqui e na minha escrita.
Talvez tenha voltado realmente ou talvez tenha sido só uma visita rápida, como a dos médicos nos hospitais. Só o tempo o dirá.
O tempo que anda louco numa roda viva sem fim e que para mim está praticamente parado, esse, esse tem as respostas para tudo. Pelo menos assim espero.